[Carlos Marighella]
Não ficarei tão só no campo da arte,
E, ânimo firme, sobranceiro e forte,
Tudo farei por ti para exaltar-te,
Serenamente, alheio à própria sorte,
Para que eu possa um dia contemplar-te
Dominadora, em férvido transporte,
Direi que és bela e pura em toda parte,
Por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e tal modo em suma,
Que não exista força humana alguma
Que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
Possa feliz, indiferente à dor,
Morrer sorrindo a murmurar teu nome.
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