O filme é baseado na
história real do professor Ron Jones ocorrida em 1967 e retratado na obra The Third Wave. O longa-metragem possui
uma linguagem contemporânea, expõe questões atuais, sem perder a essência das discussões
levantadas na obra original.
O drama de 107 minutos
é de 2008. Dirigido por Dennis Gansel e com o roteiro de Todd Strasser e Peter
Thorwarth, o filme mostra de forma marcante os efeitos causados pelo mau uso do
poder, da política alienadora, de como a adolescência sem rumo pode causar
transtornos e a importância do jornal como difusor de opinião, tendo como palco
uma escola alemã.
Os veículos de comunicação
de todo o mundo tem relatado abusos ocorridos nas escolas. Centros educacionais
que eram para ser formadores de estudantes preparados para exercer a cidadania,
mas que devido ao cotidiano escolar cheio de problemas, acabam tendo um rumo
diferente do que era esperado. Em, A Onda, isto fica evidente.
Designado para lecionar
sobre Autocracia em um projeto pedagógico da escola, o professor, Rainer Wenger,
instiga seus alunos a passar a semana em que acontecem as aulas não apenas
vendo as teorias do assunto, mas vivenciando o espírito de conjunto, rigidez e
obediência imposta pelo fascismo. O que Wenger não esperava, era a direção que
suas ideias e a maneira como estava conduzindo as aulas iria ter.
A ética profissional
impõe certos cuidados que precisam ser respeitados. Ser um educador requer
certo trato com os alunos, principalmente com os adolescentes que normalmente
são contraditórios, cheios de expectativas, e que estão formando o caráter e as
opiniões sobre o mundo. Ao se envaidecer pelos bons resultados iniciais obtidos
pelo método utilizado nas primeiras aulas, o professor passa a não perceber a
perda de controle dos alunos e do movimento criado pela sua turma, intitulado
de “A Onda”.
O que era apenas uma
experiência para ser vivida no âmbito escolar ganhou as ruas da cidade. O
problema apresentado no filme não é apenas o descontrole de ter saído da
instituição educacional, mas as práticas desordeiras causadas pelos abusos dos
que deveriam combater as atrocidades, a alienação e não usá-las como ferramenta
de manipulação.
O longa evidencia algo
muito comum nas escolas, grupos e subgrupos formados pelos alunos , onde há a
hierarquia de liderança devido a popularidade, o dinheiro ou por ser mais forte
fisicamente, as chamadas “panelinhas”. Quando o movimento criado por Wenger é
iniciado, o intuito é justamente de combater a rejeição, os grupos fechados,
mas resulta na imposição de algo que se torna emblemático, a ditadura imposta
pelo pensamento único, a de quem não aderir ao movimento, não pode estar inserido
nas atividades escolares e termina repudiado no círculo de amizade.
Pensar em fazer o
diferencial, mas não analisar as consequências que suas atitudes podem causar,
demonstra o quanto ideias distorcidas implicam em situações às vezes terríveis.
Quando o professor obteve o poder, envaideceu-se e seu orgulho o cegou, fazendo
com que os alunos se sentissem a vontade para cometer os abusos que quisessem.
Andassem não como amigos, mas como bando, com arma, cometendo infrações,
determinados a uma mobilização massificadora em prol de desejos particulares e
não do bem comum.
Importante salientar
que por estes aspectos, o respeito ao próximo começa a não existir, pois passa
a ser imposta a opinião única, a ausência de identidades e a individualidade.
Fator relevante é o
fato de a mídia escolar servir como divulgadora de informação e opinião
contrárias ao movimento baseado em reflexão de alunos de dentro da própria
instituição. Escolas que promovem discussão através de um veículo de
comunicação demonstram o interesse de formar estudantes como pessoas críticas.
O jornal transforma-se em ferramenta de combate às perversidades que estão
acontecendo e ajuda a propagar uma visão diferente da que estava sendo pregada.
A Onda é um excelente
filme por levantar questões importantes que envolvem o âmbito escolar, mas que
se refletem na própria sociedade. A sua originalidade está em demonstrar que
atitudes movidas por ideias distorcidas podem até hoje, causar grandes
transtornos sociais que julga-se não terem mais espaço, mas são veladas e
precisam ser combatidas. Além de mostrar o papel fundamental da mídia para
propagar discussões necessárias que informam e conduzem as pessoas a refletir
sobre seu meio.
Ficha
técnica:
A
Onda (Die Welle, 2008)
Direção: Dennis Gansel
Roteiro: Todd Strasser, Peter Thorwarth
Elenco original: Jürgen Vogel
(Rainer Wenger), Jennifer Ulrich (Karo)
Gênero:
Drama
Origem:
Alemanha
Duração:
107 min
Tipo:
Longa-metragem
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